Exercícios e Câncer: Repouso ou Atividade Física ?

Segundo a sociedade americana de oncologia clínica (ASCO), 75% dos pacientes com câncer diminuem o nível de atividade física quando recebem o diagnóstico. Isso se deve aos sintomas muitas vezes desencadeados pelo próprio tratamento e, até mesmo aqueles pacientes que se exercitavam antes do diagnóstico tem uma a tendência a diminuir ou parar as suas atividades. Mas, o que é mais surpreende é que ainda hoje, muitos pacientes são aconselhados a limitar as atividades e realizarem repouso.

Essa imobilidade causa a diminuição dos níveis de energia, que gera a diminuição dos níveis de atividade física, durante o tratamento do câncer, o que pode resultar em fraqueza e descondicionamento, levando a um ciclo vicioso de diminuição da atividade e aumento da fadiga.

Faz se importante ressaltar que o exercício físico é considerado a intervenção não farmacológica mais eficaz na promoção do bem-estar físico, mental e funcional de pacientes com câncer.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dados de 2018, o sedentarismo atinge 23% da população adulta e 81% dos adolescentes. A Recomendação Global de Atividade Física para Saúde, da OMS, sugere que adultos de 18 a 64 anos de idade realizem atividade física, a fim de melhorar a aptidão cardiorrespiratória , muscular, manter a saúde óssea , redução do risco de doenças não transmissíveis e depressão.

Dentre as diversas recomendações destaca-se para esta faixa etária a prática de pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada por semana ou pelo menos ou 75 minutos de exercícios intensidade vigorosa semanal, ou a combinação das duas intensidades.

Atividades de fortalecimento muscular devem englobar os grandes grupos musculares em dois ou mais dias da semana. Segundo estudos do American Cancer Society (ACS), a prática de atividade física é indicada antes, durante e após o tratamento do câncer.

Considera-se que a prática de exercícios (realizados cinco ou mais dias na semana por até 60 minutos), associados a uma boa alimentação são fundamentais para a melhora da qualidade de vida, diminuição da gordura corporal e aumento da sobrevida. Além de atuar como fator fundamental para a manutenção da qualidade de vida e aumento do bem-estar físico e mental, com a diminuição de sintomas como ansiedade e depressão. Foi realizado recentemente um estudo australiano , onde mais da metade (54%) dos pacientes com câncer avançado que completaram uma pesquisa sobre exercícios físicos não sabiam dos benefícios de se exercitar e apenas 22% alcançaram níveis saudáveis de atividade física.

A pesquisa reforça que a prática de atividade física deve ser encarada como parte essencial do tratamento contra o câncer. O estudo também revelou que o suporte social e a prática de atividade física estavam intimamente interligados, com pacientes com maior suporte se mostrando mais ativos.

Sabendo de todas estas informações e compreendendo que a atividade física é essencial para a melhora do desempenho do paciente durante seu tratamento oncológico, o que o profissional da saúde deve levar em consideração antes do início da atividade física? Em primeiro lugar, é importante conversar com os membros da equipe multiprofissional e médica sobre o estado emocional, físico, nutricional, o estádio da doença de base, saber se o paciente tem comorbidades e quais são bem como a avaliação de exames recentes, principalmente os exames laboratoriais.

Em síntese é importante saber sobre a avaliação médica, clínica e laboratorial do paciente. Através do diálogo e da análise que foram citadas, o fisioterapeuta conhecerá a performance atual do paciente quanto a parte clínica. Num segundo momento, cabe a este profissional, realizar avaliações específicas da funcionalidade e da capacidade aeróbica deste paciente. Para mensurar a funcionalidade poderá ser usados instrumentos/ escalas validadas e específicos como por exemplo a MIF que mede a independência funcional.

Para a capacidade aeróbica pode ser usado desde um teste ergoespirométrico, como até mesmo com o teste da caminhada de 6 minutos o qual é rápido, barato e conseguimos ter base para mensurar a capacidade submáxima do paciente, além da avaliação de força e flexibilidade. Quanto mais precocemente o paciente iniciar a atividade física, mais rápido ele usufruirá dos benefícios. Outro aspecto muito importante a ser considerado é a sarcopenia, até um tempo atrás a sarcopenia era associada somente ao envelhecimento, hoje os estudos mostram que em pacientes com câncer, a sarcopenia também acontece independente da idade do paciente.

A sarcopenia é uma perda generalizada e progressiva de massa e força muscular, o paciente deve ficar a atento aos sinais que ela manifesta, que pode ser constância de quedas e desiquilíbrio corporal mesmo em terrenos planos, fraturas recorrentes e dificuldade para realização de atividades cotidianas com descer ou subir escadas.

Fisioterapeuta Oncológica

Andreia Nunes

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